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Ramon, meia do Vitória

por em 09 de Fevereiro de 2010 00:00

Entrevista concedida a Caroline Salgado e Thiego Souza

 

 

Qual o balanço que você faz de seus vinte anos de carreira?

 

Eu tenho vinte anos só de profissional. Vinte anos que só tenho que agradecer a Deus por tudo que aconteceu na minha vida. Pelos títulos, pelos clubes que joguei, pelos amigos que fiz dentro do futebol, por tudo que passei. No geral, está sendo muito bom até hoje poder estar jogando futebol.

 

Qual o clube que você mais se orgulha de ter defendido?

 

É lógico que alguns clubes ficaram marcados em minha carreira, entre eles posso citar o Cruzeiro, porque foi o formador. Foi ali que tive o prazer de querer jogar futebol. Logo depois veio o Vitória, porque marcou muito minha carreira. Em um ano e meio que tive aqui pude virar ídolo, conquistar títulos e marcar gols. O Vitória me abriu as portas para o cenário mundial. Tem o Vasco, porque foi lá que conquistei os títulos mais importantes de minha carreira, onde tínhamos um grupo fantástico. Já o Fluminense ficou marcado porque foi por ele que vesti pela primeira vez a camisa da seleção.

 

Tem algum clube que você queira defender antes de encerrar a carreira?

 

Não, eu não tenho isso comigo não. As coisas aconteceram e eu tive propostas de praticamente todos os times grandes do futebol brasileiro. Não pude jogar em todos, mas naqueles em que joguei tive uma felicidade muito grande.

 

E “pendurar as chuteiras”, já pensa nisso? Qual seria o clube que você gostaria de se despedir do futebol?

 

Isso é inevitável! Eu sei que estou chegando aos 38 anos e daqui a pouco isso vai acontecer. Um clube para encerrar seria o Vitória, devido a minha história aqui, por tudo que passei.

 

Qual a maior alegria e frustração que você teve em sua carreira?

 

As alegrias foram os títulos que consegui, principalmente ser campeão da Libertadores e do Brasileiro. A maior frustração foi ter perdido dois mundiais. Bati na trave duas vezes em Vasco x Corinthians, no Maracanã, e Vasco x Real Madrid, no Japão.

 

Qual o segredo para ter 37 anos e ter preparo físico de 20?

 

Dedicação, trabalho. A família é muito importante também. Às vezes não tenho nem tempo direito para minhas filhas, mas elas entendem, o pouco tempo que temos curtimos muito juntos. Ser profissional também é fundamental. Tem que deixar de lado várias coisas que não combinam com o futebol, se você quiser ter uma carreira de sucesso, longa, o que é bem difícil nos dias de hoje.

 

O que você está achando do retorno de jogadores com idades avançadas ao futebol?

 

Essa mescla é importante, tem que ter jogadores mais experientes, que é até interessante para os jogadores mais jovens. Hoje um atleta sobe com 17, 18 anos, então não está ainda preparado. Eu vejo com bons olhos e é lógico que cada qual tem que continuar sendo profissional e se estiver condições de jogar é sempre legal.

 

E o título de “senhor Ba-Vi”, o que acontece com você nos clássicos? Tem algum estímulo extra quando você enfrenta o Bahia?

 

Não é estímulo extra, mas é um jogo diferente. Até de falar a gente fica arrepiado! É um jogo gostoso, é um clássico. Eu acostumei desde novo a jogar esse Ba-Vi, sei da rivalidade, sei o que é ganhar um Ba-Vi, sei também o que é perder um Ba-Vi, o que é perder um campeonato aos 46 minutos do segundo tempo. Em 94 eu estava aqui. Então isso tudo, essa rivalidade, ajuda. E papai do céu tem me abençoado, sempre me abençoou com a camisa do Vitória, para nesses jogos eu conseguir jogar bem.

 

E a violência nas arquibancadas, como você avalia?

 

Eu condeno! Acho que o torcedor paga o ingresso e tem o direito de torcer, até de vaiar. Mas nenhum tipo de violência é legal, eu não aprovo. Com isso o público deixou de ir ao estádio e seria muito bom se essa onda parasse um pouco e as pessoas tivessem um pouco mais de consciência. Seria bom ter mais crianças e mulheres nos estádios.  

 

Em 2008 você teve um problema com Vágner Mancini. O que realmente ocorreu naquela ocasião?

 

Posso te falar que foi uma divergência de ideias. É lógico que sempre respeitei e respeito qualquer profissional. Ele era o treinador, era o chefe, e naquela oportunidade aconteceu isso, uma divergência de ideias, que se generalizou um pouco, extrapolou por parte da torcida, no nosso grupo. Mas o mais importante foi que ele voltou aqui, podemos voltar a trabalhar juntos e ficou tudo esclarecido, tudo legal. Ele é um cara que não tenho mágoa nenhuma, nada contra e está se dando bem lá no Vasco.

 

Como você avalia o atual elenco do Vitória?

 

O Vitória hoje tem um elenco jovem, promissor. O time manteve alguns jogadores, dentre eles eu continuei, dando um toque de experiência. Mas é lógico que ao longo da temporada vai mudar, e vai mudar muito. O Vitória vai contratar ainda mais jogadores, principalmente para o Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, temos que continuar fazendo nossa parte, trabalhando muito. A gente tem que se preparar muito, temos competições importantes, alguns objetivos. Um dos meus sonhos é colocar o Vitória na Libertadores, já que estamos tentando há dois anos. E para que isso aconteça precisamos de mais qualidade, juventude e experiência.

 

A qualidade dos gramados dos estádios baianos, inclusive Pituaçu, tem prejudicado o rendimento do time em campo?

 

Eu não joguei o Campeonato Baiano em nenhum campo bom até agora. Isso dificulta muito! Eu já joguei no campo de Feira de Santana, onde tinha um dos melhores gramados do Brasil e hoje está horroroso. Eu fiquei com medo até de correr no campo para não cair. O nível da grama, os buracos. Pituaçu está uma vergonha! Buracos, areias. A grama está muito alta. Estou com muitas saudades do Barradão.

 

O que a torcida do Vitória pode esperar do time e de Ramon em 2010?

 

A gente sempre espera o melhor e vamos trabalhar para que isso aconteça. Vamos precisar também do nosso 12º jogador e espero a participação da torcida também. Aliás, sempre que a gente precisou ela esteve do nosso lado. Em 2010 seremos vitoriosos e vamos chegar lá no final do ano com todos felizes e com os objetivos alcançados.

 

E a artilharia do baiano, você almeja terminar como “matador”?

 

Hoje em dia, em minha vida, as coisas vão ocorrendo naturalmente, sem ambição. Eu sou um jogador de meia, mais pra frente, tendo essa responsabilidade também de fazer os gols, dar passe para meus companheiros e me preparar, preparar muito para sempre que surgir as oportunidades, poder fazer os gols.

 


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