Cordialidades, privilégios e “bônus”: na eleição da CBF, o que menos importa é o futebol
Nesta quarta-feira (23), o martelo será batido e Ednaldo Rodrigues será eleito o presidente da CBF. A eleição é uma mera formalidade já que a oposição não conseguiu formar uma copa.
A chapa registrada por Ednaldo Rodrigues tem como vices Francisco Novelletto, Fernando Sarney, Antônio Aquino e Marcus Vicente - eleitos também em 2018 -, além de Reinaldo Carneiro Bastos, Rubens Lopes, Helio Cury e Roberto Góes.
Ednaldo, que virou interino desde o afastamento de Rogério Caboclo, é o cabeça da “Pacificação e Purificação do Futebol Brasileiro”, em referência as gestões de Rogério Caboclo, que foi afastado por denúncias de assédio sexual e moral contra funcionários, Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira; que foram banidos da Fifa por denúncias de corrupção.
Ex-presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo diz ser contador de formação, mas até o presente momento nunca apresentou nenhum diploma e há quem diga que ele, se quer, pisou os pés na faculdade.
Um acordo de Ednaldo Rodrigues com o Ministério Público incluiu no Colégio Eleitoral os 40 clubes das séries A e B, que, no entanto, ainda têm peso bem menor do que os presidentes das federações estaduais. O cartola enfrentou nas últimas semanas a oposição de Gustavo Feijó, um dos vice-presidentes da CBF, que cogitou tentar a presidência, mas não apresentou candidatura.
Polêmicas à frente da entidade:
Cordialidade e benefícios a antigos "amigos"
Ednaldo contratou a clínica médica do filho do presidente da Federação de Futebol de Roraima, Zeca Xaud, para atuar naquele estado, o que é proibido pelo estatuto da própria entidade. As informações são do GE.
Pelo contrato assinado no dia 1 de dezembro de 2021, a empresa Sax Serviços Ltda, que tem como sócio Samir Xaud, deve "prestar serviços médicos ambulatoriais a profissionais de futebol na cidade de Boa Vista, Roraima". Em troca, recebe da CBF R$ 30 mil mensais, a serem pagos todo dia 10. O contrato é por tempo indeterminado.
A CBF afirma que a contratação se deu por pedido da Comissão Médica, e se justificaria pela "escassez de recursos" dos clubes de futebol de Roraima.
Privilégios para familiares
O presidente interino também nomeou o genro como um dos delegados da entidade na Conmebol, cargo que rende remunerações de até R$ 10 mil por partida trabalhada, podendo alcançar cerca de 30 jogos ao longo da temporada. O conteúdo foi divulgado, de forma exclusiva, pelo jornalista Diego Garcia, do Portal Uol Esportes.
De acordo com documentos da Conmebol, um delegado recebe fixo US$ 1,2 mil (R$ 6 mil) por cada jogo da Conmebol que trabalhar. E ainda mais US$ 750 (R$ 4 mil) se fizer as inspeções dos estádios, o que geralmente ocorre. Além disso, todos os gastos com hospedagem, alimentação e transporte também são pagos pelos clubes ou confederações envolvidas nas partidas.
Assim como na FBF, na entidade máxima do futebol aliado tem prioridade
O presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Rubens Lopes, recebeu R$ 790 mil em pagamentos da CBF ao longo dos três últimos meses de 2021. O valor consta em documentos aos quais a coluna teve acesso. Vale lembrar que ele é aliado de Ednaldo.
Segundo o Portal Uol Esportes, a quantia é dividida ao longo de outubro (R$ 300 mil), novembro (R$ 315 mil) e dezembro (R$ 175 mil). Os valores são brutos e ainda passaram por descontos de alíquotas retidas na fonte antes de chegarem ao dirigente.
O que chama a atenção, porém, é que Rubens não ganhava nem R$ 1 da CBF nos meses anteriores, diferentemente dos demais presidentes de federação, que recebem o chamado "mensalinho".
Recebeu R$ 2,1 milhões em salários e bônus da CBF no fim de 2021
Ednaldo recebeu R$ 2.163,594,34 da confederação em salários nos últimos três meses de 2021. O valor representa 73,6% de tudo o que faturou em remunerações da CBF ao longo de todos os 12 meses do ano e mostra uma evolução no trimestre final do ano, quando já estava no poder. A informação é do colunista Diego Garcia, do Portal UOL Esporte.
A documentação aponta que Ednaldo recebeu R$ 761.997,98 tanto em novembro quanto em dezembro. Em outubro, a remuneração total ficou em R$ 639.598,38.
A CBF justifica dizendo que o aumento não foi uma evolução salarial e sim um acúmulo de bônus devidos, 13º e férias que são pagas a todos os funcionários, desde os responsáveis pelos serviços de portaria até o presidente. Assim, é normal que, no fim de cada ano, esse salto nos pagamentos ocorra nos holerites da entidade.