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Racismo

por Alessandro Isabel em 29 de Agosto de 2014 12:49

Infelizmente terei que destinar parte de meu tempo para escrever e descrever sobre um assunto que deveria ter sido superado, ou nem ter existido. Estou falando do racismo, que tem se mostrado cada vez mais presente e enraizado na sociedade brasileira, considerada a mais mestiça do mundo.

Três episódios distintos despertaram a minha atenção. Todos com cunho discriminatório e protagonizando como vítimas pessoas negras. O primeiro foi por meio da rede social Facebook, onde uma garota negra postou uma imagem com o namorado branco e terminou recebendo comentários como: "Parece até que estão... na senzala" e "eu acho que vc roubou o branco pra tirar foto (sic)". O fato foi registrado em Minas Gerais.

O segundo teve como palco um estádio de futebol. Na partida entre Santos e Grêmio, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, parte da torcida gremista insultou o goleiro Aranha (santista) o chamando de macaco e emitindo sons que remete ao animal. O fato repercutiu em todo o mundo.

Em Salvador, aqui na Bahia, um homem negro tirou a roupa em uma das praças do Salvador Shopping. O objetivo dele era, apenas, provar que não tinha furtado uma loja. No vídeo postado em redes sociais, ele diz que foi seguido por seguranças que teriam desconfiado de um suposto roubo. "Saio do shopping e o cara me seguindo (...) Só porque é negro, é negão, vai roubar. Vá se f...", disse aos gritos em tom de desabafo.

O que falar sobre esses insistentes registros de racismo? O tema é sempre levantado, debatido e questionado quando fatos como os que acabei de relatar são externados, mas nenhuma atitude enérgica é adotada. Os que insultaram a jovem de Minas Gerais não serão punidos, o mesmo ocorrerá com os torcedores gremistas e também com os funcionários do shopping soteropolitano.

Pior do que não haver a punição jurídica é saber e perceber, que não existe a educação doméstica e humana de quem pratica o ato. Também, e não menos revoltante, existe a transferência de responsabilidade daqueles que creditam a culpa pelo crime para a vítima, que ‘em tudo vê o racismo’.

Irei escutar diversas justificativas para tentar entender o que ocorre na mente de um ser que se porta de forma tão irracional. Pessoas irão dizer que não houve a intenção, que o (a) racista é uma pessoa boa, trabalhadora e agiu de forma impensada. Não tenho o poder de julgar atos alheios, pois não fui promovido juiz de nada, mas não posso observar sucessivos crimes diante dos olhos e acatar.

Li alguns artigos de psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e os outros estudiosos que arriscam buscar em algum lugar do inconsciente, explicações para o inexplicável. Quem conhece o profissional que vos escreve sabe que se trata de uma pessoa negra. Alguns traços na escrita deixa transparecer. Mas, independente das questões pessoais, é de bom tom cultivar o respeito ao próximo.

Devo parar por esse parágrafo para não me estender ainda mais. Sei que essa não será a última vez que tocarei nesse assunto espinhoso, mas espero que na próxima, a Justiça tenha agido com rigor e colocado atrás das grades o culpado por disseminar o ódio ao próximo.

Alessandro Isabel é negro e jornalista.

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